“Não quero chá, não quero café Não quero coca-cola Me liguei no chocolate Só quero chocolate” ♫
A conhecidíssima letra acima, do eterno Tim Maia, foi criada por ele como uma ode ao prazer proporcionado pelo chocolate e por toda a sensação de bem-estar que rodeia essa iguaria de sabor inconfundível.
E igualmente inconfundível é esta época do ano, em que todos os pontos do varejo, e também os estabelecimentos de food service, nos lembram que a Páscoa se aproxima. Claro que devemos separar (e distanciar) a oportunidade comercial de se presentear com chocolates e o simbolismo religioso deste período.
Entendendo dessa forma, e voltando à letra da música, que não sai mais da cabeça, quero discorrer hoje sobre as inúmeras possibilidades abertas pelo ato de trocar chocolates em forma de presentes. Afinal, estamos em plena alta estação do chocolate.
Mais do mesmo?
Essa pergunta do intertítulo é propositalmente provocativa. Isso ocorre porque é muito difícil trazer boas novas quando se trata de sazonalidade. As publicações, os vídeos, os influencers digitais acabam indo na mesma direção: produzir ovos de chocolate, variando aqui e ali no recheio e na apresentação, para fazer uma renda extra aproveitando a alta demanda. No food service, que é meu foco aqui neste espaço, a variação também carece de criatividade. São mimos associados a consumo de refeições em que o peixe é o protagonista e o chocolate faz o papel de “senhor das sobremesas”.
Por isso, quero trazer aqui o CHOCOLATE como produto financeiramente viável para você que quer entrar no mercado de alimentação fora do lar com investimento relativamente baixo e apostando em uma iguaria que, bem trabalhada, pode trazer resultado de janeiro a janeiro, no inverno, no Natal, em qualquer ocasião. Estão aí as grandes franquias de “trufas e cia” para comprovar o que digo.
Chocolate em números
Segundo a Abicab – Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas, o mercado de chocolates no Brasil apresenta os seguintes resultados:
- A indústria nacional emprega, diretamente, 23 mil pessoas;
- O Brasil está entre os cinco países em maior volume de vendas de chocolate no varejo, juntamente com EUA, Alemanha, Rússia e Reino Unido;
- O setor de chegou a 2023 com um volume de produção de 760 mil toneladas, crescimento de 8,3% em relação ao período anterior;
- As exportações totalizaram 35,8 mil toneladas, correspondendo a um valor de US$ 141,3 milhões;
- Atualmente, o Brasil exporta chocolates para 135 países, com destaque para Argentina, Chile e Paraguai.
Os artesanais têm chance?
Se você pensa em produzir chocolates em uma estrutura ainda caseira ou em um espaço sem as características da indústria, é sim possível faturar e lucrar com esse formato. Sua escala será limitada, mas você poderár focar a fidelidade da clientela de vizinhança e ainda apostar no delivery para ter um raio maior de alcance. Mas sempre de olho na equação capacidade de produção versus demanda.
Se a concorrência em escala é um desafio, a grande vantagem dos artesanais é o apelo afetivo e intangível do conceito de presente. Ou seja, quem quer dar uma cesta de chocolates, 100% feita manualmente, para alguém como gesto de carinho e amizade, não vai ficar comparando preço e proporção com os chocolates comprados no varejo.
E aí, o grande diferencial será a criatividade na composição do mimo e, claro, o sabor. Além disso, ao lado do produto em si, vale compor a cesta (ou combo ou kit) com o que a imaginação permitir, sem exageros, obviamente: uma colherzinha de madeira, uma caneca de cerâmica (artesanal, claro), uma toalhinha bordada à mão, um artefato de origami…
Para chegar a um alto nível de entrega e se posicionar em relação à concorrência, vou deixar uma dica valiosa: pesquise, estude, teste, pesquise de novo, busque conhecimento, interaja, frequente eventos e workshops, enfim, forme-se de maneira consolidada como um grande artesão /artesã do chocolate.
Mercado e matéria-prima
De volta aos números, o mercado de chocolate pode não estar tão doce assim para quem quer empreender. A sua matéria-prima principal, o cacau, teve aumento de 67% de um ano para cá, segundo levantamento da FGV.
Portanto, se posso deixar mais uma dica valiosa aqui é: espere passar esta alta temporada antes de buscar capital e inicar sua produção. Se você já está no ramo dos ovos de Páscoa para aproveitar a data, siga em frente. Do contrário, precaução, aguarde sua vez e fique de olho na dança dos números.
Como consultor do mercado de food service há 20 anos, posso ajudar no seu plano de negócios. Vamos conversar?
JEAN PONTARA é um dos maiores especialistas em Vendas e estratégia de Go To Market ao Food Service de todo o Brasil. Atualmente, é embaixador da Fispal Food Service e há quase 20 anos, é sócio da Consultoria J.Pontara , em que tem criado estratégias, implantado projetos e formado equipes para Distribuidores, Atacadistas, Indústrias, Cash&Carry, Fabricantes de Equipamentos, Empresas de Tecnologia e Fundos de Investimentos, com uma experiência ímpar na área.